O dia fora absurdamente apático, sem história. A noite caiu repentinamente adivinhando a insónia que me espreitava entre os lençóis...Os pensamentos quase que me afogavam naquela piscina de inquietação inexplicável!
Amanheceu! Mas foi um amanhecer feio, pesado, os seus olhos já não tinham o mesmo brilho...a palidez dos seus actos e suas palavras esforçadas não podiam ser do mesmo homem humorado que caminhava de mãos dadas com a vida e que fazia abrir o céu em dias de Inverno.
O seu jeito carinhoso e amável ainda se fez notar no momento em que,tão afectuosamente, preparava a refeição como se um manjar de corte se tratasse.Raios!!Não te reconhecia...nem na alegria do olhar, nem no doce tom das tuas sábias palavras, dos teus contos e memórias.
O céu escurecera no momento em que te abracei,envolto num manto negro de aflição e injustiça, de dor e de desespero...Faltou-me a coragem...inundaste-me a face de saudade e medo, senti-me aprisionado, impotente, culpado e revoltado.
Recordo-te quando faz sol, quando chove, quando tenho frio ou calor, recordo-te cada vez que vejo o cair da noite ou o amanhecer, recordo-te no choro deste meu desabafo, que contra a tua vontade ficou suado em lágrimas...
Afinal, o dia deveria ter nascido sincero,bonito e puro como a tua alma!! Fazes-me falta...